sábado, 14 de setembro de 2013

A Delicadeza

 Os títulos me conquistam com grande facilidade. Uma capa então, pode me ganhar ou me perder. Às vezes, é amor à primeira vista, como aconteceu quando vi nas prateleiras da livraria a capa de Delicacy, do David Foenkinos, que eu não conhecia. Comecei a ler e me encantei pelo estilo do Foenkinos: poético, com a dose certa de humor e de ternura, realmente delicado como o título sugeria. 
Nathalie, a personagem principal da história, tem realmente um quê de Amelie Poulain. O mesmo ar sonhador e romântico, a mesma timidez. Um dia ela conhece François e, num desses acasos felizes da vida, os dois se apaixonam e vivem a história de amor que qualquer um sonha em viver. O pedido de casamento é daqueles que nos deixam sonhando.
Esta não é apenas mais uma história de amor. É uma história sobre perdas, recomeços e segundas chances. É uma história bonita sobre encontrar a delicadeza necessária para reencontrar o amor e a alegria de viver.
"Procurava lembrar para onde estava indo quando topara com ele. Era algo turvo. E, no entanto, ela não era do tipo que anda por aí sem ter um ponto definido para chegar. Não tinha planejado perfazer o percurso daquele romance de Cortázar que tinha acabado de ler? A literatura estava ali, agora, entre os dois. Sim, era isso mesmo, ao ler O jogo da amarelinha gostara especialmente daquelas cenas em que os heróis tentam se cruzar na rua seguindo itinerários saídos da frase de um clochard. À noite, reconstruíam os percursos em um mapa, para ver em que momento poderiam ter se encontrado, em que momentos certamente teriam roçado um no outro. Era por ali que ela estava andando: dentro de um romance". (pág. 12)

Este é um daqueles livros que nos levam das lágrimas ao riso, mas com a delicadeza de uma escrita cuidadosa nos detalhes em cada página. O David Foenkinos, atualmente considerado um dos melhores escritores da nova geração na França, traz a simplicidade de histórias comuns e as transforma em poesia, com alusões à literatura, à música e à pintura. É bonito como o amor à leitura é inserido na história, na cena sutil em que a leitura de um livro marcada com um marcador de páginas simboliza o momento da grande perda de Nathalie e, a leitura do mesmo livro, mais adiante, marcando um recomeço, uma nova história de amor. Essa história linda foi traduzida para o cinema de forma igualmente bela em A delicadeza do amor, com a Audrey Tautou no papel da Nathalie e François Damiens no papel do desengonçado e doce Markus.



Recomendo para quem está precisando relembrar da beleza da vida nas pequenas coisas que fazem toda a diferença.

David Foenkinos. A Delicadeza. Rio de Janeiro: Rocco, 2011. Tradução: Bernardo Ajzenberg.

P.S: para acompanhar o filme e/ou o livro, não posso deixar de recomendar a receita delícia da Sara  Graciano

3 comentários:

Maira disse...

Por alguma razão esqueci de ver esse filme e ele passou. Agora fiquei com mais vontade de ler o livro ;D
Fiquei curiosa sobre a parte da leitura do livro com marcador. Se é o que estou pensando, é lindo. EU QUERO!
beijo grande, Pipa.

Pipa disse...

É lindo mesmo, Maira. Li em inglês, saí correndo para o cinema para ver o filme e apaixonei. Aí encontrei o livro em português bem baratinho em uma promoção e não resisti :) Li de novo para comentar ele aqui no blog.
A Nathalie gosta muito de ler. E eu morro de curiosidade pra saber o livro que ela estava lendo, que o autor não diz nem no livro nem no filme. Só sei que era um autor russo, mas não era Tolstoi.
obrigada pela visita!

beijo grande,
Pipa

Anna disse...

O título e a capa já tinham me conquistado também, Pipa, ainda mais que vi várias pessoas falando bem dele, e agora te lendo e pensando no meu atual momento, eu só penso que necessito demais!! rs

Adorei a resenha e vou esperar pra ver o filme depois de ler!

Xerinhos!
Paty