domingo, 28 de fevereiro de 2016

A situação humana



A situação humana reúne as palestras proferidas por Aldous Huxley em 1959, na Universidade de Santa Bárbara, Estados Unidos, e aborda os mais diversos temas, desde a educação e a relação do homem com a natureza, até religião e arte, crescimento populacional e o inconsciente. Por serem palestras, o texto é fluido, quase como uma conversa, abordando assuntos diferentes e (alguns deles) ainda relevantes nos dias de hoje. Nessa minha primeira aproximação à obra de Huxley (sim, ainda não tinha lido nada do autor, nem mesmo a obra que o tornou célebre, Admirável mundo novo), confesso que inicialmente achei que não fosse gostar. Mas o texto me surpreendeu, pois algumas reflexões do autor, que revelam sua preocupação em compreender o mundo que lhe cerca, são interessantes.

Logo de início, no primeiro ensaio sobre educação integrada (e um dos que eu mais gostei), Huxley destaca um aspecto do nosso sistema educacional que, ainda nos dias de hoje, todos aqueles e aquelas que trabalham com educação certamente já consideraram em algum momento de suas carreiras: a especialização cada vez maior que trilhamos na academia sem nem sempre levar em conta um conhecimento interdisciplinar que só amplia a nossa capacidade de compreender o ser humano e suas relações com o mundo.

“Como todos sabemos, aprender pouco é algo perigoso. Mas uma boa porção de aprendizado altamente especializado também é uma coisa perigosa, e por vezes pode ser ainda mais perigoso do que aprender só um pouco. Um dos principais problemas da educação superior agora é conciliar as exigências da muita aprendizagem, que é essencialmente uma aprendizagem especializada, com as exigências da pouca aprendizagem, que é a abordagem mais ampla, menos profunda, dos problemas humanos em geral” (p.7).                                 

No ensaio “Guerra e nacionalismo”, no qual o autor tenta entender as origens da guerra e chegar a um conceito do que entende por nação, vale destacar seu posicionamento de que a violência da guerra é também uma construção social e não algo inerente ao homem.

“É muito importante lembrar que tanto a guerra quanto o poder motivador que leva o homem à guerra são socialmente condicionados, porque assim percebemos que não há nada de biologicamente inevitável nessa terrível coisa que nos ameaça. Por ser um fenômeno socialmente condicionado, poderemos, se quisermos, descondicioná-lo e livrar-nos dele” (p. 89).

Outro ensaio que gostei é o intitulado “Linguagem”, no qual o autor discorre sobre o papel da linguagem e das palavras como diferencial humano e também como um meio através do qual ideias, boas e más, são transmitidas, evidenciando o poder da palavra.

“A linguagem é o que nos torna humanos. Infelizmente, é também o que nos torna humanos demais. De um lado, é a mãe da ciência e da filosofia, e de outro produz toda a sorte de superstição, preconceito e loucura. Ajuda-nos e nos destrói; torna possível a civilização e também produz aqueles assustadores conflitos que degradam a civilização” (p. 190).

Cada uma das palestras em A situação humana demonstra como Huxley era um homem atento e interessado em refletir e questionar os mais diversos assuntos debatidos em sua época. E para nós, talvez o mais interessante aqui seja acompanhar seus pensamentos para refletir sobre as nossas questões hoje, o que mudou, ou o que ainda permanece relevante para os nossos dias. Não é um livro cansativo, já que a linguagem mais fluida ajuda bastante a acompanhar o raciocínio do autor, mas é um livro que contém muitas informações e muitas referências e que, por isso, pede uma leitura mais atenta. Por serem ensaios independentes, os leitores também podem decidir em que ordem cada um deles será lido.


Sobre o autor

Aldous Huxley nasceu em 26 de julho de 1894 no condado de Surrey, na Inglaterra. Em 1916, publica seu primeiro livro, uma coletânea de poemas. A partir de 1921, sua reputação literária se estabelece, através de Crome yellow. Em seguida, escreve Antic hay (1923), Folhas inúteis (1925) e Contraponto (1928), sátiras onde analisa de modo espirituoso e implacável os dissabores do mundo moderno. No período anterior à Segunda Guerra Mundial, sua obra adquire tons mais sombrios, incluindo o célebre romance Admirável mundo novo (1932), antiutopia que descreve a desumanizada sociedade do futuro, e Sem olhos em Gaza (1936), uma novela pacifista. Em 1937, deixa a Europa e se muda para a Califórnia. Além de ensaios sobre assuntos tanto culturais quanto religiosos, em que se nota a forte influência da mística oriental, Huxley publicou O tempo deve parar (1944), O macaco e a essência (1949), A ilha (1962) e As portas da percepção (1954), onde descreve suas experiências com a mescalina. Aldous Huxley faleceu em 22 de novembro de 1963.

HUXLEY, Aldous. A situação humana. Trad. Lya Luft. São Paulo: Biblioteca Azul, 2016.

*Recebi este livro como cortesia da Globo Livros

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Beijo, boa sorte



Sacada

"Eu não sei o que ela fará sem mim. Imagino que o rosto se transforme numa permanente coleção de vincos e que as pernas tremam ao sinal da mais embaçada lembrança. Não fomos em lua de mel para Kosovo e nem brincamos de tiro no parque. Hoje compreendo que Melina não deixou de me amar nem mesmo nesses momentos de delírio. Vendo-a daqui de cima, acho que me arrependo de não lhe ter dedicado mais punhetas e de não ter cedido aos pedidos de socorro enquanto caía. É linda mesmo assim. No entanto, quando eu disse que iria embora, não suportei fitar-lhe a cara. O cenho fechou-se numa expressão-relâmpago e notei nela os punhos cerrados. A barriga enorme já não deixava entrever ainda a intenção do aborto. Mas eu não permitiria. Ficou nervosa – tigresa à morte – quando mostrei as passagens de trem. Nem era assim tão longe, mas era o abandono. Olhando daqui, noto que a calcinha era presente de Natal. Mesmo estatelada lá embaixo, ainda dedico-lhe tesão. Melina, minha menina, quem mandou ficares de costas na sacada?"

RIBEIRO, Ana Elisa. Beijo, boa sorte. Natal (RN): Jovens Escribas, 2015. p. 13


Adorei ler os contos de Ana Elisa Ribeiro. Mini contos que dizem tanto! O que transcrevo acima já ilustra a força do texto de Ana Elisa. Os temas são diversos: falam de gênero, de violência, de perdas e de lembranças, de relações amorosas e de infância, entre muitas coisas mais. Não conhecia a autora e fiquei com vontade de ler mais coisas dela depois de ter lido Beijo, boa sorte. E ela ainda escreve crônicas, poesias, livros infantis. Comprei meu exemplar lá no site Jovens Escribas, onde há um novo universo de autores a serem descobertos, pelo menos pra mim. É sempre bom encontrar novos horizontes. Vamos ler mais autoras brasileiras? =]


Ana Elisa Ribeiro nasceu em Belo Horizonte, em 1975. Escritora, poetisa, professora e pesquisadora. Licenciada e bacharel em Letras pela UFMG, mestre em Linguística e doutora em Linguística Aplicada, pesquisa a leitura de impressos e telas. Pós-doutora pela PUC Minas e pela Unicamp. É professora do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais. Seu primeiro livro foi a coletânea de poemas Poesinha (1997), pela Poesia Orbital, nos eventos comemorativos de 100 anos da capital mineira. Publicou em jornais e revistas brasileiros. Foi blogueira da Estante de Livros Virtual, em 2002-2003. Participou de antologias de poetas no Brasil, no México e na França. Desde 2003, escreve crônicas para o site Digestivo Cultural. Anzol de pescar infernos (2013) e Meus segredos com Capitu - Livros, leituras e outros paraísos (2013) foram semifinalistas do Prêmio Portugal Telecom em 2014. 

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Maus



Maus é uma história em quadrinhos que conta a vida de um sobrevivente dos campos de concentração nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. O pai do ilustrador Art Spiegelman, Vladek, foi levado para Auschwitz junto com a sua esposa, Anja. Durante o tempo em que permaneceram nos campos, vivendo todo o terror sobre o qual já ouvimos falar diversas vezes, eles ficaram separados, reunindo-se novamente apenas quando a guerra chega ao fim. Praticamente toda a família de Vladek e Anja é morta nas câmaras de gás ou tentando fugir delas, inclusive o filho pequeno do casal, que morre aos 5 anos.

Anos depois, já vivendo nos Estados Unidos, onde recomeçaram a vida depois de serem libertados dos campos,Vladek se casa novamente com uma mulher que também sobreviveu aos campos de concentração, mas é completamente diferente dele. Os conflitos entre os dois revelam os diferentes tipos de trauma daqueles que sobrevivem a uma guerra, e também que certas atitudes de Vladek são características dele mesmo, e não uma consequência do trauma. Apesar de ter casado com Mala, ele ainda não se recuperou da morte da esposa, Anja, que se suicida quando Art ainda é adolescente.

O filho então quer escrever uma história em quadrinhos contando a vida dos pais e passa a gravar as conversas que tem com o pai para não esquecer nenhum detalhe, afinal ele é hoje a sua única fonte de informações, aquele que pode contar a história da família, destacando a importância desses relatos de sobreviventes como forma de preservar a história daqueles que morreram. Os diários da mãe, que poderiam ser mais uma fonte de informações preciosa para Art, foram destruídos pelo pai, que não consegue lidar com o suicídio da esposa, principalmente depois de tudo o que enfrentaram na guerra. Mas ser uma sobrevivente de Auschwitz não é um fardo fácil de carregar, não apenas pelo trauma e pelas lembranças de tudo o que vivenciaram, mas também pelo sentimento de culpa que muitos carregam de ter sobrevivido enquanto tantos outros morreram.

Essas conversas entre pai e filho, apesar de tão diferentes um do outro, não apenas pela personalidade diferente, mas pelas marcas da guerra que o pai carrega, são uma oportunidade valiosa que Art e Vladek tem de se reaproximar. O filho passa a compreender um pouco mais o jeito de ser do pai ao ouvir o seu relato e tomar conhecimento do sofrimento que eles vivenciaram.

Falar sobre o Holocausto é sempre difícil, que nos entristece e que me deixa nauseada quase sempre, mas achei que por ser em quadrinhos, contando com o apoio visual dos desenhos de Art que representam as personagens como animais, o autor conseguiu retratar com ternura a história de seus pais, que é também a história de muitos outros, sobreviventes ou não, de um dos eventos mais sombrios da história da humanidade. Para quem quer começar a ler sobre o assunto, Maus é uma ótima maneira de começar - e uma excelente aula de história - acredito que bem interessante de ser trabalhado nas escolas também, por ser um pouco mais leve (se é que possível ser leve com esse tema...) do que outros relatos, escritos pelos próprios sobreviventes do Holocausto, como É isto um homem? e A trégua de Primo Levi, ou Noite, de Elie Wiesel, por exemplo.

O que mais gostei em Maus é a sinceridade do texto, já que Art Spiegelman não idealiza sua relação com o pai, retratando com honestidade tanto as suas próprias falhas como os defeitos do pai. Por exemplo, algo que nos choca bastante é quando o pai dele, mesmo depois de tudo o que passou nos campos de concentração por conta da intolerância, do preconceito e da ideia absurda de superioridade dos alemães em relação aos judeus, demonstra que é um homem racista, julgando um homem negro a quem o filho oferece uma carona como um ladrão, como alguém inferior por sua cor. E, quando questionado pelo filho, ainda afirma "que os negros não são como os judeus", algo surreal de se imaginar por parte de alguém que viu sua própria família ser dizimada pelos alemães, que agiam com base em uma ideia semelhante. A honestidade desse relato pode servir como excelente ponto de reflexão sobre como certas visões que temos fundamentam a exclusão, o desrespeito e, principalmente, a violência.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

O Africano



O africano é o primeiro livro que leio do escritor Jean-Marie Gustave Le Clézio e o primeiro pensamento ao concluir a leitura foi aquele de “quero ler mais coisas desse autor”. Pelo seu tom intimista e autobiográfico, O africano encanta pela simplicidade da narrativa, tão poética e cheia de sentimento que é difícil não se encantar pelo livro, afinal ele trata da relação pai e filho e isso, acredito, alcança todos nós. 

"Todo ser humano é um resultado de pai e mãe. Pode-se não reconhecê-los, não amá-los, pode-se duvidar deles. Mas eles aí estão: seu rosto, suas atitudes, suas maneiras e manias, suas ilusões e esperanças, a forma de suas mãos e de seus dedos do pé, a cor dos olhos e dos cabelos, seu modo de falar, suas ideias, provavelmente a idade de sua morte, tudo isso passou para nós.
Por muito tempo sonhei que minha mãe era negra. Inventei-me uma história, um passado, para escapar da realidade em meu retorno da África, neste país, nesta cidade onde eu não conhecia ninguém, onde me tornara um estrangeiro. Depois descobri, quando meu pai, na idade da aposentadoria, retornou para viver conosco na França, que o Africano era ele. Foi difícil admitir isso. Tive de voltar atrás, de recomeçar, de tentar compreender. Em memória disso escrevi este pequeno livro".

O trecho acima é a primeira página do livro e já nos situa no que é, em essência, esta história: as lembranças de um filho que percorre as memórias que tem de seu pai e de alguns momentos de sua vida, assim como da vida da família, que foram determinantes em sua formação. O livro pode ser visto como uma homenagem do autor à sua infância na África colonial e ao seu pai, um médico que passou grande parte da vida no país, e longe da própria família que permaneceu na França, para exercer a medicina e ajudar as pessoas.

Após uma primeira infância na França, onde viveu com a mãe e os avós, já que o pai não podia visitá-los por conta da guerra, aos oito anos o autor viaja até a África ocidental, na Nigéria e finalmente conhece seu pai. São os anos que viveu em África que ele tem como os melhores de sua vida.

Relembrando como foi descobrir a liberdade de viver em África, tão diferente da vida que levava no apartamento burguês dos avós na França, percebemos o olhar ainda idealizado que o autor tem da vida na África, mas também a diferença do olhar entre ele e seu irmão do olhar das demais crianças da região. Enquanto as crianças conviviam com os insetos, respeitando-os como parte da natureza que os constituíam, os dois recém-chegados da França tinham como brincadeira destruir as casas de cupins que encontravam, sem nenhum motivo, apenas movidos por uma raiva incontida que levava à destruição. Uma analogia da própria colonização, que nos permite uma reflexão sobre a visão eurocêntrica do mundo, que ainda hoje prevalece. Afinal quem são os selvagens? Questionamentos assim perpassam o texto de forma sutil e certamente nos levam a refletir sobre a apropriação cultural decorrente da colonização, sobre a violência e o descaso com a vida dos africanos em diversos conflitos que destruíram inúmeras vidas e sobre o nosso próprio olhar em relação ao outro, ao que difere de nós. 

Apesar dos elementos de denúncia social, o livro é uma espécie de tentativa de um filho de se reaproximar de seu pai, já que na época, quando o conheceu, o pai era um homem amargurado, rígido, calado, que exigia um comportamento disciplinado dos filhos e que os anos que passou distante da mulher e das crianças haviam transformado em um estranho. Na época, ainda criança, o autor não compreendia o que havia se passado com o pai ali em todos aqueles anos, sendo o único médico de uma enorme região, e completamente sem estrutura para exercer a sua profissão como desejava, mas ainda assim fazendo de tudo para respeitar as pessoas daquele lugar, tão diferente do seu, e também a sua cultura. Uma experiência que certamente o transformou em um africano, que o ensinou muito sobre a vida, a ponto de sempre ter desejado para lá voltar.

Tempos depois, e percorrendo os objetos, as fotografias e as histórias dos quais só muito depois tomou conhecimento, o filho então tenta reencontrar, por meio das memórias que escreve nesse pequeno grande livro, o pai que por muito tempo foi para ele um estrangeiro, percebendo o quanto de sua experiência de vida e do que ele foi existe em si mesmo. Entre as muitas coisas bonitas que habitam este livro (fotografias tiradas pelo próprio pai do autor e outros trechos belos, carregados de sentimento), escolhi encerrar este texto com um dos trechos de que mais gostei e que diz muito da história, que merece ser lida e compartilhada:

“Os africanos costumam dizer que não é do dia em que saem do ventre materno que as pessoas nascem, mas sim do lugar e do instante em que elas são concebidas” (p.83)

LE CLÉZIO, J.M.G. O africano. São Paulo: Cosac Naify, 2007.

Jean-Marie Gustave Le Clézio, ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 2008, nasceu em 1940, em Nice, na França, mas suas origens também nos levam à ilha Maurício, onde nasceram seus pais. Aos oito anos, mudou-se com a família para a Nigéria, onde seu pai trabalhou como médico durante a Segunda Guerra Mundial. Formou-se em Letras e, em 1963, aos 23 anos de idade, ganhou o prêmio literário Renaudot pelo livro Le Procès-verbal. É autor de contos, novelas, romances, ensaios e livros de literatura infanto-juvenil.

sábado, 6 de fevereiro de 2016

Um poema de Herberto Helder



Não sei como dizer-te que minha voz te procura
e a atenção começa a florir, quando sucede a noite
esplêndida e casta.
Não sei o que dizer, especialmente quando teus pulsos
se enchem de um brilho precioso
e tu estremeces como um pensamento chegado. Quando,
iniciado o campo, o centeio imaturo ondula tocado
pelo pressentir de um tempo distante,
e na terra crescida os homens entoam a vindima,
- eu não sei como dizer-te que cem ideias,
dentro de mim, te procuram.

Quando as folhas da melancolia arrefecem com astros
ao lado do espaço
e o coração é uma semente inventada
em seu ascético escuro e em seu turbilhão de um dia,
tu arrebatas os caminhos da minha solidão
como se toda a minha casa ardesse pousada na noite.
- E então não sei o que dizer
junto à taça de pedra do teu tão jovem silêncio.
Quando as crianças acordam nas luas espantadas
que às vezes caem no meio do tempo,
- não sei como dizer-te que a pureza,
dentro de mim, te procura.

Durante a primavera inteira aprendo
os trevos, a água sobrenatural, o leve e abstracto
correr do espaço -
e penso que vou dizer algo cheio de razão,
mas quando a sombra vai cair da curva sôfrega
dos meus lábios, sinto que me falta
um girassol, uma pedra, uma ave - qualquer
coisa extraordinária.
Porque não sei como dizer-te sem milagres
que dentro de mim é o sol, o fruto,
a criança, a água, o deus, o leite, a mãe,
o amor,

que te procuram.

Herberto Helder. In: Poesia toda. Lisboa: Plátano editora, 1973. p.18-19.