quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Coração disparado

Para encerrar o ano (será que amanhã eu vou querer escrever aqui? não sei...) vou citar Adélia Prado, que tem o coração disparado, feito os nossos, quase sempre cheios de esperança. E que para o desejo de nosso coração o mar continue sendo sempre só uma gota.

"Ser brasileiro me determina de modo emocionante

e isto, que posso chamar de destino, sem pecar,

descansa meu bem-querer.

Tudo junto é inteligível demais e eu não suporto.

valha-me noite que me cobre de sono.

O pensamento da morte não se acostuma comigo.

estremecerei de susto até dormir.

E no entanto é tudo tão pequeno.

Para o desejo do meu coração

o mar é uma gota."

Adélia Prado. O coração disparado. Record, 1978.

domingo, 20 de dezembro de 2009

Filandras

"Hoje estou melancólica e suspirosa como minha mãe, choveu muito, a água invadiu este porão de lembranças, bóiam na enxurrada a caminho do rio. Deixo que naveguem, pois não as perderei. O rio é dentro de mim".

Adélia Prado. Filandras. Rio de Janeiro: Record, 2008. pág. 39


***
Do Houaiss:

Filandras:
1 filamentos extensos e muito delgados
2 finos filamentos das teias de aranha
3 riscas filamentosas de certos tipos de mármore
4 fios brancos presentes nas chagas do gado cavalar
5 folhas marinhas que se prendem às quilhas das embarcações

domingo, 13 de dezembro de 2009

O nosso.

"Não precisas de falar só porque vamos calados. A coisa mais difícil e mais bonita de partilhar entre duas pessoas é o silêncio".

Miguel Sousa Tavares. No teu deserto. Companhia das Letras, 2009. pág. 95

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

So true...

"Sentia já que te perdia, mas nada podia fazer a não ser pôr-te os trunfos todos na mão. Fiquei sem ti, claro. Mas amei-te com paixão e passion bastantes para a minha vida inteira. Fui em ti o melhor de mim. É esse o teu peso, a minha calada vingança.
Talvez seja ele, ainda, o segredo do riso dela. Não há memória mais terrível do que a da pele; a cabeça pensa que esquece, o coração sente que passou, e a pele arde, invulnerável ao tempo."

Inês Pedrosa. A instrução dos amantes. Ed. Planeta, 1992. pág. 141