terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Minhas tardes com Margueritte


Meu coração sempre se enche de alegria quando alguém me diz: "pipa, isso me fez lembrar você", principalmente quando "isso" é algo doce e delicado e cheio de ternura.
Dessa vez foi a Lia que disse "é lindo e você vai se apaixonar, ele fala daquele livro que você comentou, do velho que lia romances de amor". Essa semana então, finalmente, assisti ao encantador "Minhas tardes com Margueritte", que me fez chorar sozinha no cinema, e ainda um pouco depois de sair de lá. Há tempos não via algo tão lindo assim. E a história tem todos os elementos que contribuem para nos conquistar. Tem um homem grande e desajeitado, que cresceu sendo chamado de burro e menosprezado pelos amigos, professores e por sua própria mãe, mas que possui um coração sensível e nobre que enternece nossos próprios corações. Tem uma jovem bonita que se apaixona por esse grandão desajeitado e que nos dá uma lição sobre verdadeiro amor.



Tem uma velhinha que amava os livros, seus companheiros de uma vida inteira, "que lê como respira" e que com esse amor consegue ensinar a uma homem, que durante toda uma vida se julgou incapaz, que a leitura é um ato de compartilhamento, que ela transforma a vida das pessoas de uma maneira mágica e que todos somos leitores aptos a desvendar os caminhos de qualquer história, desde que tenhamos o coração aberto e sejamos inspirados por alguém generoso o bastante para saber compartilhar e passar adiante essas coisinhas fantásticas a que chamamos livros.


Fui ao cinema hoje outra vez para ver "Minhas tardes com Margueritte" e a emoção foi a mesma, e acredito que sempre será. Impossível não me identificar com essa história. Para mim é uma história de amor. E acho que eu me vejo daqui a uns anos, sentadinha em um banco de praça, lendo como a Margueritte, até acabar a luz. E confesso que desejo que essa luz me acompanhe até o final, mas, se não for possível, que olhos generosos me acompanhem em mais algumas histórias. Porque sem essas histórias fica mesmo difícil respirar.

*P.S: E se alguém quiser me fazer feliz, me dá esse filme de presente em DVD. Dei o meu de presente e agora não acho outro para comprar :(

Organizing the bookcase

O Arroz de Palma



Fiquei feliz por ter achado esse livro, uma belíssima estréia de Francisco Azevedo. A delicadeza da capa também está presente no texto, que nos conquista pela simplicidade e doçura com que essa história de família é contada. Dá pra sentir o cheiro do café fresquinho e do bolo saindo do forno, dá pra lembrar de nossas próprias histórias de família, dos avós, das travessuras de infância, do primeiro amor. Desafio qualquer um a ler "O arroz de Palma" e não se identificar com o que o autor conosco compartilha. Porque família somos todos e todos teremos, no mínimo, alguma lembrança querida, alguma história engraçada, pra contar. Ler esse livro foi um mergulho em lembranças que a correria do dia a dia às vezes nos faz esquecer, mas que merecem ser recontadas. Um livro com gosto de saudade, de nostalgia, e que se parece mesmo com um almoço de domingo em família. Recomendo.

Francisco Azevedo. O arroz de Palma. Rio de Janeiro: Record, 2008.

The Joy of Books

Dois Rios



Dois caminhos, dois irmãos...
Fiquei impressionada com a força narrativa deste livro, meu primeiro da Tatiana Salem Levy. Como a correnteza de um rio, as emoções dos dois personagens centrais dessa história, dois irmãos, são apresentadas ao leitor com a intensidade das paixões, mas com a delicadeza daqueles que tiveram a sorte de encontrar um amor.
Achei linda a metáfora do amor como um divisor de águas, do mar como possibilidade de partir ou de permanecer, trazendo o que há de bom, mas também levando o que mais se ama.
Acho que a Tatiana Levy merece todos os elogios que estão sendo feitos aos seus livros, porque é dessas escritoras que escrevem mesmo com paixão e com uma segurança que impressiona. Dois rios é um livro para se ler de uma vez só, seguindo o fluxo do texto, e se emocionando durante todo o tempo. Recomendo.

Tatiana Salem Levy. Dois Rios. São Paulo: Record, 2011.