segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

A arte de não fazer planos

Sempre que me perguntam sobre o futuro, ou como imagino minha vida daqui a alguns anos, nunca sei ao certo o que responder. Sempre olho admirada para essas pessoas que afirmam com tanta certeza seus planos para o amanhã, como se o futuro fosse coisa que se pudesse prever. Nunca tive muito talento para planejar as coisas, mas nem por isso coisas boas deixaram de acontecer.

Desde pequenos crescemos ouvindo perguntas difíceis como "o que você quer ser quando crescer?" e aprendemos rapidamente a responder algo, ainda que na verdade não façamos ideia do verdadeiro sentido de uma pergunta assim. Com o passar dos anos, somos cada vez mais requisitados a declarar aos quatro ventos os nossos planos e objetivos para o futuro, principalmente nessa sociedade competitiva em que vivemos hoje.

Mais importante do que essa capacidade de fazer planos é a forma como pretendemos alcançar o que desejamos ou talvez ainda a nossa própria capacidade de desejar. Não será nada útil passar a vida inteira desejando coisas impossíveis ou coisas que nada tenham a ver realmente com o que somos. Muitas vezes nos deixamos influenciar pelo que outras pessoas desejam para nós, sendo que na grande maioria das vezes esses planos não nos farão felizes. Ou estabelecemos objetivos tão difíceis, prazos tão surreais, que nos frustramos quando o tempo passa e não conseguimos realizá-los e ficamos tão cegos que não sabemos olhar ao redor e ver todo o resto que conseguimos. É preciso muita coragem e muita personalidade para não ser o que esperam de nós.

Que a vida é feita de escolhas, todos nós já sabemos. Para alguns, o mais importante pode ser trabalhar vinte e quatro horas por dia para ganhar dinheiro, mesmo não tendo tempo nem para a família. Para outros, pode ser mais importante trabalhar menos horas e ter uma melhor qualidade no tempo gasto, seja no trabalho, seja com a família. São pequenas escolhas que fazemos todos os dias, cuja importância nem percebemos.

Hoje em dia quase todo mundo parece se esquecer de que a vida também é feita de surpresas, de planos que não saíram como planejamos, mas que deram certo de uma outra maneira. Ou de coisas que nem esperávamos que acontecessem e que nos fazem infinitamente felizes quando acontecem. Talvez mais importante do que saber planejar o futuro seja nossa capacidade de nos adaptar ao que acontecer, sem nos frustrar diante das surpresas, sejam elas boas ou ruins, sabendo até mesmo apreciá-las. Afinal, como John Lennon sabiamente disse uma vez, a vida é isso que nos acontece enquanto fazemos outros planos.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Hugo


Entre os muitos filmes em cartaz no momento tendo em vista a proximidade do Oscar, destaca-se A invenção de Hugo Cabret, dirigido por ninguém menos que Martin Scorsese. O filme conta a história do jovem órfão Hugo, que vive nos subterrâneos da estação de trem de Paris. Filho de um relojoeiro, Hugo aprendeu a consertar relógios e sua curiosidade natural o fez aprender a consertar brinquedos e outras máquinas. Depois que seu pai morre, tudo que restou de lembrança foi um boneco, um autômato, que o pai encontrou abandonado em um museu e passou seus últimos dias tentando consertar. O objetivo de Hugo passa a ser consertar o boneco na esperança de vê-lo funcionar outra vez e, quem sabe, ter alguma mensagem do pai. Em meio aos dias sozinhos na estação, ele conhece Isabelle, uma menina apaixonada por livros e pelas infinitas aventuras que eles proporcionam. Juntos, eles conseguirão fazer o boneco funcionar e viverão uma grande aventura.
Apesar de ser um filme infantil, vemos todo o talento de Scorsese ao envolver o público durante os 126 minutos de filme. Dizem que a filha de 12 anos do diretor leu e se encantou pelo livro, o que fez sua esposa perguntá-lo: porque você não faz um filme que a sua filha possa ver? E o resultado é uma história que demonstra amor nos mínimos detalhes e está entre os favoritos ao Oscar de 2012.
Hugo é uma declaração de amor ao poder da imaginação e à capacidade humana de sonhar e realizar sonhos através da arte, seja ela a literatura, seja o cinema. E nessa viagem pela história dos primórdios do cinema, passamos pela magia dos livros, que no filme são passados de mão em mão por um livreiro da estação, sempre em busca de um lar perfeito para eles. Refletimos sobre nossa própria capacidade de sonhar e realizar em nossas vidas aquilo a que viemos destinados a ser e fazer. Como o próprio Hugo diz, uma pessoa que perde o seu propósito na vida é como um brinquedo quebrado. Talvez o nosso propósito seja consertar coisas, talvez seja ajudar pessoas, talvez escrever histórias. O que fica de mais importante no filme é uma linda homenagem à capacidade humana de contar histórias, seja de que modo for.

Never let me go

Never let me go. Não me abandone jamais.

Já tinha me apaixonado pelo escritor Kazuo Ishiguro quando li The remains of the day e ontem quando finalmente vi Never let me go esse amor só se confirmou.
É um filme que faz pensar, definitivamente. Acho que o choque que é imaginar o futuro desse jeito, com clones criados exclusivamente para doar seus órgãos, é quase como um soco no estômago. Acredito que Ishiguro conseguiu de fato mostrar e nos convencer de que não podemos brincar de Deus, não sabemos as consequências.
É impossível não se encantar pelos personagens e sentir pena do destino que não escolheram. E até o último minuto fiquei esperando que eles fossem conseguir a chance de viver. Infelizmente, nesse futuro guiado por seres humanos egoístas, não há lugar para viver um amor. Não há lugar para viver.
Chorei tanto no final e depois achei melhor que não fosse o final feliz que eu estava esperando. Porque no fundo a gente sempre espera que um final perfeito vá resolver tudo, quando na verdade não vai. E a realidade mais pura e simples foi retratada por Ishiguro de forma a ser, sim, um soco no estômago, como se nos perguntasse: quem vocês pensam que são?
Acho que vale muito a pena ver esse filme para refletir.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Românticos anônimos


Acho que ando numa fase de filmes franceses. Principalmente se for docinho assim como esse. Com gosto de chocolate. Uma história de amor meio desajeitada como os personagens, tímidos e com medo de tudo. Mas com um pouquinho de coragem e paciência, acho que acima de tudo, aceitação com o que são de verdade, sem querer ser outra pessoa, eles acabam se entendendo. Do jeito desastrado que são.
Filme bom para aqueles dias em que carecemos de uma pitadinha de esperança. Ah, e não se esqueça de levar um chocolate com você, você vai precisar.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

The fantastic flying books of Mr. Morris

Fiquei tão apaixonada por esse vídeo, que compartilhá-lo é o mínimo que eu posso fazer. Lindo, de fazer brotar lágrimas nos olhos.


The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore from Moonbot Studios on Vimeo.