domingo, 31 de dezembro de 2017

Minhas melhores leituras de 2017



Mais um ano chega ao fim e chega também o momento de toda leitora/leitor que se preze fazer o balanço das melhores leituras. Quem não gosta de uma lista, não é mesmo?
Não li tanto quanto gostaria em 2017, e em grande parte foi poesia, sempre meu maior consolo, mas segue a minha listinha do que li de melhor esse ano:

Como se fosse a casa (uma correspondência) (Ana Martins Marques e Eduardo Jorge)

O Martelo (Adelaide Ivánova)

Da poesia (Hilda Hilst)

Poemas da recordação e outros movimentos (Conceição Evaristo)

Dia bonito pra chover (Lívia Natália)

Os bons amigos (Hannah Kent)

Dois (Oscar Nakasato)

Amora (Natália Borges Bolesso)

Aqui, no coração do inferno (Micheliny Verunschk)

A guerra não tem rosto de mulher (Svetlana Aleksiévich)



E que 2018 seja um ano mais leve, de muitas realizações e leituras incríveis para nós!


terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Dia bonito pra chover



Insurreição

Seria mais fácil não amar os pessegueiros macios
e nada sorver do seu perfume,
mas os meus dentes querem a carne do seu corpo,
minha língua deseja lamber do seu sumo.

O certo seria plantar a semente e esperar,
dos laços e nós dos caules finos,
aspergir-se o perfume da fruta vindoura.
Mas meu corpo tem pressa
e não respeita os relógios que inventam o tempo.

Minha natureza é temporã.
Eu sou das fêmeas que vão!
ficar é para quem tem raízes,
ceder é para quem deseja morada: eu sou o desabrigo.
Quero a fruta furtada do pé.
comer seu gosto ainda verde,
morder suas entranhas ainda duras.

Não sou das que esperam,
sou das que não querem nem chegar,
sou de partir e, no precipício, ainda ser silenciosa,
inteira.
Sou uma destas mulheres que vão.
ficar é raiz.
partir é imensidão.


Lívia Natália. Dia bonito pra chover. Rio de Janeiro: Editora Malê, 2017.


sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Os bons amigos




Ambientado na Irlanda do século XIX, Os bons amigos, da escritora australiana Hannah Kent, retrata a vida da época, seus costumes, superstições e tradições, em uma pequena vila no interior do país. O romance é baseado em fatos reais e a narrativa nos transporta para os anos 1825 e 1826, uma época em que as crenças e superstições tinham um grande poder no dia a dia das pequenas comunidades, que viviam em condições insalubres e sem muita informação. A medicina da época não era muito avançada e a figura de mulheres parteiras e conhecedoras do poder medicinal das ervas era muito presente na própria sobrevivência dessas comunidades. Nesse sentido, esse romance fala de crenças e  das ligações ancestrais das mulheres com a natureza. Mas nada é tão simples assim.

Três personagens são centrais nessa narrativa: Nóra, uma mulher que acabou de ficar viúva e que recentemente também havia perdido a filha para uma doença misteriosa, ficando sozinha a cargo de cuidar de sua pequena fazenda e do neto, um menino de 4 anos que também estava muito doente, sem conseguir andar ou falar. A segunda personagem é Mary, uma menina de um vilarejo próximo e de família muito pobre, contratada por Nóra para ajudar nas tarefas da casa e nos cuidados com o neto doente. A terceira é Nance, uma senhora idosa que há anos chegara ao vilarejo e que vivia de doações em troca dos seus conhecimentos de ervas mediciais e outras superstições locais, quase sempre associadas à cura. Com a chegada do novo padre ao vilarejo, a vida de Nance fica cada vez mais difícil, uma vez que, buscando livrar a comunidade do paganismo dessas superstições e de aproximar os moradores um pouco mais da Igreja, ele passa a pregar contra os hábitos, associados à bruxaria, praticados por Nance.

A vida dessas três mulheres de idades diferentes se une em torno do pequeno Michaél, que retorna ao lar da avó após a morte da filha de Nóra. Para tristeza da avó, o menino está muito diferente do garoto saudável que era, com os membros deformados e sem conseguir falar ou andar. O médico consultado diz que não há mais nada a fazer em relação ao menino, a não ser se conformar com a sua nova condição de saúde. Mas Nóra, estimulada pelas conversas e lendas locais sobre os seres encantados que habitam a região e roubam as pessoas para outros mundos, deixando substitutos no lugar, procura Nance para resgatar o verdadeiro neto do mundo encantado. 

Mantendo um clima de suspense ao longo de todo o romance, Hannah Kent consegue narrar com brilhantismo uma história que, como se sabe por pesquisas históricas feitas pela autora, relata um caso real ocorrido na Irlanda, e propõe com isso uma reflexão muito interessante e mais do que atual sobre o poder da crença e das superstições no trato das diferenças. Fiquei absolutamente encantada com a escrita da autora, tão cheia de lirismo e que manteve esta leitora aqui presa ao livro do início ao fim, tanto que Os bons amigos entrou para a minha singela lista de melhores leituras de 2017. Recomendadíssimo.

***

Hannah Kent. Os bons amigos. São Paulo: Globo Livros, 2017. Trad. Celina Portocarrero.

*Recebi este livro como cortesia da Editora Globo Livros.

sábado, 9 de dezembro de 2017

Sorteio: FOME


Um exemplar de "FOME: Uma autobiografia do (meu) corpo", de Roxane Gay;
3 canetinhas + 3 marcadores de livro fofos

Para participar do sorteio é só preencher o formulário abaixo com seu nome e email, seguir o instagram do blog @pipanaosabevoar e marcar três amigos na postagem oficial do sorteio no instagram.

As inscrições podem ser feitas até o dia 20/12/2017, apenas através deste formulário, e o sorteio será realizado no dia 21/12/2017, às 10h. Sorteio válido apenas para residentes no Brasil. Boa sorte! :)

Link para o Instagram: http://instagram.com/pipanaosabevoar
Link do sorteio https://goo.gl/forms/vG6oMjCEhWeBWhyt1

O resultado será informado no blog:
http://pipanaosabevoar.blogspot.com.br/

RESULTADO DO SORTEIO:  a vencedora é Estela Pereira dos Santos =] Estela, vou entrar em contato por email com você. Obrigada a todas por terem participado! Até o próximo!