sábado, 28 de maio de 2011

84 Charing Cross Road



Desde o ano passado que este livro está na minha estante, aguardando a hora de ser lido. Não vou dizer que me arrependo de não ter lido antes; acho que o momento agora foi um dos mais perfeitos. No fundo, acredito até que ele estava esperando esse momento chegar, para chamar minha atenção para essas páginas amareladas na minha estante.

Depois de ter lido e amado "a sociedade literária", esse foi o livro que mais se aproximou do encantamento que eu senti pelos moradores da ilha de Guernsey. Mas, diferente de "A sociedade literária e a torta de casca de batata", *84 Charing Cross Road* (ou "Nunca te vi, sempre te amei" em português) é uma história real. E o que mais posso dizer? Que me senti em casa em meio a essas cartas que recontam uma grande amizade entre pessoas que nunca se viram, mas que se compreendem imensamente, porque o que as une é um grande amor pelos livros.

Chorei com a mesma tristeza que Helene deve ter chorado quando recebeu a última carta, e imagino que sentirei a mesma alegria e emoção que ela sentiu quando, depois de tantos anos, finalmente pisou em Londres pela primeira vez. No livro alguém diz que as pessoas encontram em Londres exatamente o que estavam procurando. Helene disse que queria encontrar a Inglaterra da Literatura Inglesa, mas acho que ela acabou encontrando muito mais que isso. Estou sonhando com a minha chance de caminhar pela Charing Cross Road e encontrar a Londres com que eu sempre sonhei.



Gostei tanto desse livro que ontem saí em busca do filme, com o mesmo título e um grande elenco (Anthony Hopkins, Jude Dench e Ann Bancroft). Recomendo tanto o livro quanto o filme, para todos aqueles que compartilham comigo esse amor pelos livros, pelas cartas e por essas amizades que surgem apesar das distâncias e que, de tão especiais, merecem ser recontadas.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Of mice and men


Sometimes love means letting go
Primeiro livro do Steinbeck que eu leio e estou perdidamente apaixonada. Mas não foi amor à primeira vista. "As vinhas da Ira" está aqui na minha estante há um bom tempo, como um daqueles livros que eu "preciso ler". Mas eis que surge a necessidade de ler o pequeno e grandioso "Of mice and men". Nas primeiras páginas, pensei que a leitura não fosse engatar, mas confiei em alguém que me disse "leia, é maravilhoso!". Segui em frente e me encantei.

A linguagem, bem característica da zona rural e cheia de gírias, causa bastante estranhamento a princípio, mas ela apenas contextualiza a história, não é o essencial. O essencial é uma história de amizade que encanta pela simplicidade e sutileza. É a história de duas vidas (ou de muitas outras por aí) que sofrem todas as dificuldades da vida, da luta pelo sustento e pela sobrevivência. Vidas de muito trabalho, muita solidão, mas que alimentam um sonho, e é esse sonho que os consola e permite seguir vivendo. E o que chama a atenção nos dois personagens centrais, George e Lennie, é uma amizade terna.

George é pequeno e esperto e cuida do gigante Lennie, extremamente forte, mas que tem a mentalidade inocente de uma criança. Sendo muito infantil e não tendo consciência de sua força, Lennie sempre encontra problemas, por mais que George tente orientá-lo. Lennie adora animais, quer acariciá-los, pois gosta de tocar em tudo que é macio e tem uma textura suave, mas, sem saber de sua força, acaba destruindo tudo o que toca. E um desses eventos resulta em uma grande tragédia.

Terminei de ler o livro com lágrimas nos olhos pois, por mais chocante que possa ser o final escolhido por Steinbeck, o que ficou pra mim não foi uma história de traição. Pelo contrário, o que sentimos, por mais estranho que seja, é compreensão. Compartilhamos da dor e do destino desses personagens e da trágica história que se encerra. E o que fica, no fundo, é a certeza (certeza essa que muitas vezes demoramos uma vida inteira para aprender): a de que, às vezes, amar é deixar partir.

Yeats.

Até hoje não consigo explicar muito bem esses dias em que a gente acorda meio "blue", sem nenhum motivo concreto. Aqueles dias em que nem um chocolate resolve. E de um livro para um filme, de uma cena para um poema, eis que eu encontro conforto. Acho um mistério isso que a poesia tem de dizer tudo aquilo que a gente queria dizer, nem sempre para outra pessoa, às vezes para nós mesmos, de uma forma simples e tão bonita.
O poema que me salvou ontem é de William Butler Yeats, poeta e dramaturgo irlandês. E no filme ele é declamado por Anthony Hopkins. Quem sabe ele não possa salvar mais alguém por aí também.




HAD I the heavens' embroidered cloths,
Enwrought with golden and silver light,
The blue and the dim and the dark cloths
Of night and light and the half-light,
I would spread the cloths under your feet:
But I, being poor, have only my dreams;
I have spread my dreams under your feet;
Tread softly because you tread on my dreams.

William Butler Yeats, He Wishes For The Cloths Of Heaven

domingo, 22 de maio de 2011

Quem sabe?



Bruna Caram - Quem sabe isso não quer dizer amor

domingo, 15 de maio de 2011

Miss Potter




Colecionadora de postais que sou, já havia encontrado um pacote de cartões com desenhos de Beatrix Potter e seu famoso Peter Rabbit. Comprei porque achei os desenhos lindos e eram cartões diferentes. Já tinha ouvido falar do Peter Rabbit, mas acho que ele não fez parte da minha infância, não me lembro (vou ter que perguntar pra minha mãe: "mãe, eu tinha um livro do Peter Rabbit quando era pequena?"). Mas eis que então encontro o filme Miss Potter, com a Renée Zellweger que eu adoro (ela sempre vai ser Bridget Jones pra mim, não adianta), em uma promoção dessas das lojas americanas. Ah, eu não sabia que tinha um filme sobre a Beatrix Potter! Só por causa do coelhinho?, foi o que pensei.
E hoje, nesse domingo punk como eu costumo dizer, peguei o filme pra ver e relaxar a cabeça, porque chega uma determinada hora em que não importa o quanto você ainda quer estudar, seus neurônios simplesmente entram em coma, felizmente só por algumas horas.
E eu fiquei encantada pela história da Beatrix Potter, gente. Uma mulher que sem dúvida estava muito além do seu tempo. Helen Beatrix Potter nasceu em 1866, em uma época em que as mulheres não iam pra escola, isso era permitido apenas aos homens. E ela sempre gostou de desenhar, tinha uma imaginação fantástica. Com o tempo, começou a pressão para que ela se casasse, como acontecia com todas as moças da época. Mas Beatrix disse que não, que não queria se casar com um dos pretendentes que a família havia escolhido pra ela. Ela queria mais da vida. Ela queria continuar fazendo o que ela gostava: seus desenhos. E casamento, só se fosse por amor. Se manter-se firme nessa posição hoje em dia já é complicado, imagina em 1900? Fiquei fã de Beatrix.
A mãe dela detestava o fato de que ela desenhava e não se interessava pelas fofocas e eventos sociais como as outras moças. Mas Beatrix não deixou isso atrapalhar seu sonho e, depois de tentar 69 vezes (isso mesmo, sessenta e nove vezes!!) que alguma editora publicasse seu livro, ela consegue na 70 vez. E os livros de Beatrix começam a vender loucamente. O primeiro livro, the tale of Peter Rabbit, foi publicado pela primeira vez em 1902 e desde então nunca deixou de ser reimpresso. Beatrix ficou rica com seus livros. Mas isso é só uma parte da história.
Acontece que Beatrix se apaixonou por Norman, seu editor na época, uma pessoa que a ajudou muito e que admirava imensamente seu trabalho. Eles ficam noivos, mas a família de Beatrix não aprova o casamento. Na tentativa de fazê-la mudar de ideia, a família leva Beatrix para passar o verão em sua casa de campo no interior da Inglaterra. Eles achavam que ficando 3 meses longe de Norman, Beatrix iria esquecê-lo. Só que um mês depois de ter pedido Beatrix em casamento, Norman adoece enquanto Beatrix está viajando. E quando a irmã de Norman consegue avisar Beatrix por meio de uma carta o que está acontecendo, já é tarde demais. Beatrix fica arrasada com a morte de Norman, e deixa a casa da família sozinha (um ato de imensa coragem para uma mulher solteira na época) e com o dinheiro dos livros compra uma fazenda no interior da Inglaterra, onde se dedica muito ao trabalho para superar a perda de seu amor. Ela era uma apaixonada pela natureza e vendo que muitas outras fazendas ao redor de sua propriedade estavam sendo vendidas, Beatrix começa a comprá-las para manter os agricultores trabalhando na terra e, com isso, preservá-las.
Aos 47 anos, Beatrix se casa com um amigo de infância que, quando ela se muda para a fazenda muito a ajuda com o gerenciamento da propriedade e a compra das outras fazendas, mas isso só 8 anos depois da morte de Norman. E quando ela morreu, ela deixou todas as terras para uma organização destinada a preservar lugares de interesse histórico ou de grande beleza na Inglaterra, beleza essa que podemos ver no filme, cuja fotografia é belíssima.
Hoje sei que tenho na minha coleção de cartões alguns itens muito especiais, com os desenhos de Beatrix Potter, cuja história passei a admirar.
Recomendo muito o filme, que apesar de ser triste em muitos momentos, nos emociona pela coragem e pelo amor ao que se gosta de fazer.
E quem quiser saber mais sobre a história da Beatrix Potter, porque tem muito mais coisa, vale a pena conferir o site lindo que fala sobre isso tudo que eu falei pra vocês aqui e muitas outras coisas, como por exemplo o diário de Beatrix, que permaneceu indecifrável por 15 anos após sua morte, já que ela escrevia em um código que só ela sabia e que foi decifrado muito depois. Nem preciso dizer que o diário foi publicado e que eu já anotei na minha lista de desejos, né?
O link para o site é www.peterrabbit.com
E acabei encontrando a informação de que a J.K. Rowling é grande fã de Beatrix Potter, e dizem as más línguas que é por isso que o nosso pequeno bruxo tem esse sobrenome. Eu acho que pode ser sim, e vocês?

Irgendwas Bleibt

Domingo era pra ser dia de descanso, e tenho saudade do tempo em que era mesmo assim.
Prova, estudo, agora é assim. Mas tem sempre aquela musiquinha que acompanha os dias corridos, porque não dá pra viver sem trilha sonora, minha gente.



*Irgendwas Bleibt = alguma coisa que permaneça

terça-feira, 3 de maio de 2011

Aniversário.

Leva um tempo grande para a gente entender a importância do tempo. E às vezes, mesmo com uma vida inteira, nem sempre temos a dimensão exata de seu valor. Invariavelmente, no dia do seu aniversário, você vai ouvir alguém dizer do tempo que passou, que "a idade está chegando", que "está ficando mais velhinha". Pode até bater aquela preocupação clássica por faltar tão pouco para se tornar uma balzaquiana. Confesso que nos dias antes do meu aniversário geralmente fico mais pensativa, um pouco mais triste, não consigo evitar de pensar em tudo que eu planejei e não consegui; em tudo que eu imaginei e que na realidade não é bem assim. Tanto que nem sinto muita vontade de comemorar. Afinal, é um dia como outro qualquer, não?
Mas aí vem a tal da mágica do tempo. E no dia do seu aniversário, mais do que em qualquer outro dia, essa mágica parece vibrar mais forte em você. E o tempo, sábio conselheiro, apresenta diante do seu mundo uma infinidade de possibilidades. Há tanto ainda a fazer! E a gente simplesmente acorda mais novo, e não mais velho, porque sentimos que estamos, sim, recomeçando.
Mas a mágica que eu mais gosto nesse dia é toda a energia que a gente recebe, em cada parabéns, em cada mensagem, em cada ligação às vezes de tão longe, em cada presente. E a gente se sente renovado porque nesse dia inteiro, teve alguém que pensou em você com carinho em cada minutinho, e pensar com carinho é enviar energias positivas para alguém. E então a gente percebe quanta coisa boa a gente plantou; que aquela amiga que estava brava com você não está mais; que aquele amigo que sumiu na verdade não esquece de você; e que você já fez muita coisa boa sim, apesar de todos os muitos erros, que todos nós cometemos. Mas existe algo de mágico mesmo no tempo, que se mostra inteiro pra gente nesse dia em que (re)nascemos: é que ele nos mostra como é possível sermos amados do jeito que nós somos, metade erro, metade acerto, seja como for.
É por tudo isso então que o dia do aniversário é para mim um dia de agradecer. Por todas as graças, por todas as bênçãos, por todo o carinho. Meu aniversário já está acabando, mas eu não podia deixar de agradecer aos meus amigos, que me emocionaram com coisas tão doces nesse dia 3. Obrigada por me amarem desse jeito que sou.

domingo, 1 de maio de 2011

Yes, but no...

O Tumblr Yes, but no está fazendo sucesso com algumas frases bem legais para acabar com o preconceito e alguns estereótipos ridículos que persistem por aí. Separei alguns do Brasil para compartilhar aqui, mas tem sobre todos os assuntos. Quem nunca ouviu alguma dessas frases, favor considerar-se uma pessoa de sorte.





Mas um dos que eu mais gostei foi este aqui: