sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Escrever é traduzir



"Escrever é traduzir. Sempre o será. Mesmo quando estivermos a utilizar a nossa própria língua. Transportamos o que vemos e o que sentimos para um código convencional de signos, a escrita, e deixamos às circunstâncias e aos acasos da comunicação a responsabilidade de fazer chegar à inteligência do leitor, não a integridade da experiência que nos propusemos transmitir, mas ao menos uma sombra do que no fundo do nosso espírito sabemos ser intraduzível, por exemplo, a emoção pura de um encontro [...] O trabalho de quem traduz consistirá, portanto, em passar a outro idioma (em princípio, o seu próprio) aquilo que na obra e no idioma original já havia sido “tradução”, isto é, uma determinada percepção de uma realidade social, histórica, ideológica e cultural que não é a do tradutor, substanciada, essa percepção, num entramado linguístico e semântico que igualmente não é o seu."

José Saramago

O meu peito diz



A voz é linda. A letra é de José Luís Peixoto. Para ouvir com o coração.
Minha dica de música para hoje.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

O Nosso Reino


Valter Hugo Mãe em "O Nosso Reino"

Quando termino de ler um livro do Valter Hugo Mãe geralmente fico sem saber se sou capaz de dizer qualquer coisa sobre ele, algo que faça jus à beleza desse texto, aos pensamentos e sentimentos que ele desperta em nós. Foi assim com O Nosso Reino. Eu gostaria de comentá-lo aqui, mas hoje vou recorrer ao Daniel Pennac e ao meu direito de calar:

"Aquilo que lemos, calamos. O prazer do livro lido, guardamos, quase sempre, no segredo de nosso ciúme. Seja porque não vemos nisso assunto para discussão, seja porque, antes de podermos dizer alguma coisa, precisamos deixar o tempo fazer seu delicioso trabalho de destilação. E este silêncio é a garantia de nossa intimidade. O livro foi lido, mas estamos nele, ainda. Lemos e calamos. Calamos porque lemos".

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

As cartas que não chegaram

Encontrei esse livro na livraria ontem, traduzido pela Letícia Wierzchowski e com um comentário bonito dela, sobre como se emocionou lendo esse livro em uma viagem de trem pela Alemanha. Só de pensar no título, já dá pra sentir aquele aperto no coração, porque coisa triste é carta que não chega ao seu destino. E foi triste imaginar quantas cartas mais podem não ter chegado às mãos de quem as esperava, nessa época tão triste de guerra e de barbárie. É, a Alemanha aparece aqui não apenas como cenário para a leitura do livro pela tradutora, mas como cenário de uma parte importante da história. Os pais de Mauricio eram poloneses e fugiram de seu país para escapar dos nazistas. Eram judeus. Primeiro foi o pai quem partiu para o Uruguai, e com muito trabalho conseguiu trazer a mulher e o filho mais velho. Esperou muitas cartas de suas irmãs e do restante da família, cartas que não chegaram e causaram muito sofrimento. Mauricio, o filho mais novo, cresceu nesse outro país, não compartilhando do idioma dos pais e do irmão. Sem o iídiche, Mauricio fica um pouco distante desse sofrimento que os pais carregaram em silêncio durante a vida.

Imaginar a dificuldade do exílio, de aprender uma nova língua, em uma situação financeira muito difícil, de sofrer pela família que ficou na Polônia e que foi morta nos campos de concentração alemães é sempre algo que dói. Os relatos em trechos de cartas que teriam sido enviadas pelas tias contando como era a vida lá, ou o que os judeus ingenuamente pensavam que seria a vida lá a princípio, é de partir qualquer coração. Porque sabemos que foi assim que aconteceu e, por mais difícil que seja, são histórias que não podem ser esquecidas. Para quem já leu outros livros com relatos bem mais fortes de sobreviventes, sabe do que eu estou falando.

Mais adiante no livro, é Mauricio quem está preso e, para não enlouquecer, escreve cartas em seu coração, porque não havia papel, para o pai e para a mãe que estão lá fora lhe esperando. Não ficou muito claro o motivo da prisão de Mauricio durante a leitura, mas na contra-capa ficamos sabendo que ele foi Dirigente do Movimento de Libertação Nacional (Tupamaros) e, refém da ditadura uruguaia, ficou preso desde 1972 e mantido incomunicável em uma cela durante onze anos, seis meses e alguns dias. Essa informação é fundamental para entendermos a natureza do texto, um desabafo, uma catarse, um registro de uma vida que a muito custo tentava manter o mínimo de razão possível em tais circunstâncias. E lemos as cartas de Mauricio para o pai, o Velho, como ele chama no livro, como uma forma de não perder a conexão com o seu passado, com sua memória.

Um livro muito triste, sem dúvida, mas eu senti falta de uma introdução sobre a vida do autor, para nos ajudar a compreender um pouco mais dessas cartas, que falam sobre vários assuntos, desde o sofrimento dos familiares na Polônia, da saudade que ele sente da comida feita pela mãe sempre com muito amor, de como se sentia isolado por não partilhar com os pais do idioma materno e tantos outros pensamentos que povoaram seu sofrimento durante os anos em que esteve na prisão.

Mauricio Rosencof. As cartas que não chegaram. São Paulo: Record, 2013. Tradução: Letícia Wierzchowski.

A Literatura em Perigo


"Hoje, se me pergunto por que amo a literatura, a resposta que me vem espontaneamente à cabeça é: porque ela me ajuda a viver. Não é mais o caso de pedir a ela, como ocorria na adolescência, que me preservasse das feridas que eu poderia sofrer nos encontros com pessoas reais; em lugar de excluir as experiências vividas, ela me fez descobrir mundos que se colocam em continuidade com essas experiências e me permite melhor compreendê-las. Não creio ser o único a vê-la assim. Mais densa e mais eloquente que a vida cotidiana, mas não radicalmente diferente, a literatura amplia o nosso universo, incita-nos a imaginar outras maneiras de concebê-lo e organizá-lo. Somos todos feitos do que os outros seres humanos nos dão: primeiro nossos pais, depois aqueles que nos cercam; a literatura abre ao infinito essa possibilidade de interação com os outros e, por isso, nos enriquece infinitamente. Ela nos proporciona sensações insubstituíveis que fazem o mundo real se tornar mais pleno de sentido e mais belo. Longe de ser um simples entretenimento, uma distração reservada às pessoas educadas, ela permite que cada um responda melhor à sua vocação de ser humano. "

(Tzvetan Todorov em A literatura em perigo)

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Afinação.


Mariana Botelho. O silêncio tange o sino. São Paulo: Ateliê Editorial, 2010.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Tudo o que eu queria lhe dizer

Recebi uma fotografia e ela tinha que resultar em um texto. Exercício de escrita e imaginação. A fotografia colorida mostrava um casal jovem, abraçados, como se dançassem ou pulassem juntos, sorrindo. Estão no meio de uma praça onde se vê ao fundo muitas árvores, muito verde, algumas pessoas. Há uma fonte ou chafariz no centro da praça.

E o texto foi esse aqui:

Não tinha me dado conta de que o passado tinha ficado para trás, guardado em algum cantinho do coração. Será que eu também te esqueci? Abro uma pasta antiga, da qual já nem mais lembrava, e vejo você. E o seu sorriso gritando a nossa alegria. Aquele dia, lembra? Quando a gente era tão feliz sem saber. Aquela música que você gosta começou a tocar no rádio da loja da esquina, tão alto que a gente começou a rir. E você disse que queria dançar. Aqui no meio da praça? Tem certeza? E você disse que sim. Que queria dançar o nosso amor para o mundo inteiro ver. E eu te puxei para perto de mim e a gente dançou até depois da música acabar. Como pude esquecer esse dia?

Esse jeito tão seu foi o que me conquistou. Tinha um brilho no olhar e uma vontade tão grande de viver. Tinha pressa. Você dizia que eu era um bobo, me chamava de careta. Sempre pensei demais, Júlia, enquanto você dizia e fazia tudo sem pensar. Juntos, éramos completos.

Olho para trás e vejo esse céu azul que você amava, e me perco olhando esse azul dos seus olhos cansados ainda hoje. Eles dizem que você não se lembra, que eu preciso ter paciência. Ter paciência, Antônio, digo para mim. Faz parte da vida aceitar as coisas que não podemos mudar. Vejo seu olhar perdido nesse céu azul, e quero tanto saber o que você pensa nesse silêncio sem tamanho.

Trouxe comigo essa foto do nosso amor, que não envelhece, não no meu peito. Coloquei a fotografia no seu colo, depois de beijar seu rosto e sorrir para você. Eles dizem que você não se lembra de mim e isso vai me matando aos poucos. Como você pôde me esquecer assim?

Você pega a fotografia com ternura, seus dedos sobre o meu rosto jovem um carinho. E a gente se olha nos olhos e, por alguns instantes, eu vejo o mesmo brilho de antes nos seus. E você sorri pra mim.


sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Extremamente alto e incrivelmente perto


Histórias podem ser contadas e recontadas de várias maneiras, cada uma a partir de uma perspectiva diferente. Quando achei que nada mais podia ser contado sobre a tragédia de 11 de setembro que abalou os Estados Unidos, eis que surge Jonathan Safran Foer, uma das grandes promessas da literatura contemporânea, e nos emociona com a sua versão da história, que mistura humor e melancolia.

Uma história de sobreviventes, é assim que podemos resumir "Extremamente alto e incrivelmente perto" (Extremely loud & incredibly close, EUA, 2005), publicado no Brasil pela Editora Rocco, com ótima tradução do escritor Daniel Galera. O livro conta a história do pequeno Oskar Schell, um menino de 9 anos que perdeu o pai na queda das torres gêmeas e sofre com essa perda. Quando encontra a chave de uma porta e um nome anotado em um papel entre as coisas do pai, o menino, que nos encanta por sua inteligência, decide sair em busca da porta que será aberta pela chave, na esperança de encontrar um pouco mais do pai, sem se dar conta de que, na verdade, está apenas buscando uma forma de exorcizar a tragédia que abalou sua família. Durante essa jornada pelas ruas de Nova York, Oskar fará novos amigos, todos eles sobreviventes de alguma tragédia, seja ela física ou não, e aos poucos redescobrirá o amor de sua mãe, a quem estava culpando por tentar seguir uma vida normal sem o pai.

É uma história que nos faz pensar sobre as nossas próprias relações familiares e nos leva do riso (diante da inocência de Oskar ao ver o mundo) às lágrimas, quando compreendemos um pouco mais do seu sofrimento e sentimos vontade de consolá-lo. Depois de ler "Extremamente alto e incrivelmente perto" acho pouco provável que alguém tenha a coragem de deixar uma carta sem resposta, principalmente se for de uma criança, por mais corrida que a vida possa ser. E ainda: acho que depois desse livro não perderemos mais a chance de dizer às pessoas que nos são importantes o quanto as amamos, sempre que houver uma oportunidade.

O livro de Jonathan Safran Foer ganhou em 2012 uma nova tradução, agora para o cinema, com direção de Stephen Daldry e tem no elenco grandes nomes como Sandra Bullock e Tom Hanks. No Brasil o filme tem o título "Tão forte e tão perto", e também me emocionou bastante.

Jonathan Safran Foer. Extremamente alto e incrivelmente perto. Rio de Janeiro: Rocco, 2006.


quinta-feira, 3 de outubro de 2013

A Elegância do Ouriço

Estou revisitando alguns livros de minha estante sobre os quais, não sei porque motivo, deixei de registrar minhas impressões. Hoje decidi então escrever sobre um livro que me é muito querido: A Elegância do Ouriço, da escritora francesa Muriel Barbery. Lembro que fiquei sabendo desse romance logo que ele foi lançado pela Companhia das Letras, em 2008, quando meu pai me mostrou um comentário na revista Carta Capital falando sobre o livro e me disse que ele tinha tudo a ver comigo pela descrição. Uma personagem que é a zeladora de um prédio muito chic em Paris e que esconde um segredo: uma paixão pela arte e pela literatura. E logo que ele terminou de me dizer isso eu já estava na livraria comprando o livro. E ele tinha toda razão, porque me apaixonei pela história. Depois disso, acho que já comprei duas ou três edições que acabaram virando presente para pessoas queridas, que depois de uma conversa gostosa sobre a história ficaram com muita vontade de ler também. E hoje procurando o livro me dei conta de que não tenho mais a edição em português. Nesses momentos, ter mais de uma edição de um livro favorito, ainda que em outro idioma, não tem preço. (tudo culpa dessa mania de ser precavida, viu, gente? Precaução: motivo maior de se ter mais de uma edição do mesmo livro) =]

Toda a história se passa em um prédio luxuoso de Paris. As pessoas que  moram lá são bem esnobes, a alta burguesia que precisa realmente esbanjar tudo o que tem, sendo que na verdade sabe muito pouco ou quase nada sobre o que tem. Entre os moradores do prédio, uma família se destaca: a família Josse. O pai de Paloma é um político muito influente; a mãe é uma super dondoca que durante todo o livro dará demonstrações claras do quanto é vazia; a irmã de Paloma, que segue o mesmo caminho da mãe e com quem Paloma não tem nenhuma afinidade. E por fim, Paloma, uma menina de 11 anos, brilhante e extremamente inteligente, além de muito sensível. Na verdade, ela é a pessoa mais lúcida dessa família onde as relações são muito superficiais. Paloma sofre com isso, por não sentir que pertence a esse meio em que se encontra, e planeja se suicidar no seu próximo aniversário, tamanha é a sua solidão. É lendo o diário de Paloma que vamos compreendendo esse universo e o que se passa pela cabeça dessa personagem que imediatamente nos cativa. Dá vontade de adotar Paloma como filha.

A outra personagem principal é a zeladora Renne, uma mulher discreta, calada, meio sisuda, sobre a qual ninguém sabe nada. E é aqui que talvez esteja a grande crítica da Muriel Barbery: será que a Renne realmente esconde um segredo ou será que ela é invisível pela condição social que ocupa entre os habitantes desse prédio? Os moradores entram e saem sem lhe dirigir o olhar. Muitos deles nem sabem o nome da zeladora, que segue cuidando e mantendo a rotina do prédio em funcionamento e, ao final do dia, encontra no seu quarto um pequeno refúgio, espaço para seu gato e para os muitos livros que devora. Renné é uma leitora voraz, uma mulher extremamente culta, mas que não fica esnobando esse conhecimento todo para os outros. E é isso o que eu mais gosto nessa personagem. Renne tem um conhecimento vasto sobre os clássicos da literatura mundial, que acumula em cada canto disponível do seu quarto; sabe muito sobre teatro, sobre ópera, sobre música clássica. Paloma, essa menina inteligente, mas que anda cultivando pensamentos mórbidos, é a única moradora do prédio que consegue de fato “ver”  Renne.  E Renne, por sua vez, sendo igualmente sensível diante do universo que habita, consegue ver que Paloma está sofrendo, pois entende como ela se sente. As duas, através do amor à literatura e à arte, desenvolverão uma amizade bonita e redentora. Por conta de Renne, os planos de Paloma talvez mudem. E com Paloma, talvez Renne se faça notar, sem esconder o que de belo tem na alma.

Enquanto essa amizade se desenvolve, é o gato de Renne que vai mudar todo o destino da história. Um novo morador chega ao prédio, um japonês muito educado chamado Kakuro Ozu, e notando o nome do gato de Renne percebe imediatamente que ela não é tão comum quanto o que os outros moradores pensam. Ele também tem olhos que conseguem ver as pessoas como elas são e o muito que elas podem trazer para nossas vidas.

A Elegância do Ouriço não é só um livro sobre amizade. É um livro sobre a vida, sobre a importância do conhecimento (mas do conhecimento que se compartilha e que nos enriquece, sem esnobismos), uma reflexão bonita e, em alguns momentos, até filosófica sobre o ser humano (acredito que por conta da formação da autora em filosofia) através de personagens extremamente complexos.

Hoje fiquei com muita vontade de reler essa história (já estou com minha edição em inglês em mãos) e isso já é o suficiente para dizer o quanto esse livro é especial. São poucos os livros que podemos revisitar. Só aqueles dos quais sentimos saudades. Não posso deixar de recomendar também o filme que é igualmente lindo e tem cenas muito engraçadas: A Elegância do Ouriço (Mona Achache, Le Hérrison, 2009).

Muriel Barbery. A elegância do ouriço. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. 352 páginas. Tradução: Rosa Freire D'Aguiar.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

A Caminhada

Obrigada por me acompanhar. Ainda que seja para caminhar ao meu lado em silêncio. Não compartilhamos os nossos silêncios com qualquer pessoa. Só com aquelas com as quais a nossa alma conversa. Os dias estão tão confusos, tanta gente falando ao mesmo tempo, quase não consigo ouvir meu coração. Silêncio é bom. É como se alcançássemos por alguns instantes a eternidade. Tenho vontade de segurar tua mão como fazia antigamente. Para atravessar a rua, passear nesse parque. Por que deixamos de dar as mãos? Já não me lembro. Em algum lugar entre o ser criança e essa vida louca. Sinto saudade desse tempo em que nada perturbava o meu sono, nada conseguia deixar inquieto meu coração. Não havia grandes decisões a serem tomadas. Viver bastava. Era um tempo bom e a gente não sabia. E vivíamos sonhando com o futuro. Que tolos éramos nós!

Caminhar por esse parque traz calma ao meu coração. Sinto-me mais forte por você estar aqui. És o meu chão. Fico me perguntando se você ainda sabe disso. Costumava dizer isso sempre quando era criança, e depois não sei mais porque deixei de lhe dizer. Porque mesmo que deixamos de dizer as coisas mais importantes?

Estava pensando e pensando sem parar sobre o que tenho que fazer, sobre a grande decisão que eu tenho que tomar, até você chegar. E trazer de volta a paz. Você sempre disse que eu fico nervosa à toa, mas não sei ser diferente. Nunca soube. Ir ou ficar, partir ou chegar, sempre é tão difícil escolher. E mesmo que eu não dissesse nada, bastava um olhar e você me via por inteiro. Espelho.

Caminhar mais um pouco para acalmar o coração, assim em silêncio mesmo. Nossas almas conversam, se entendem. Sempre foi assim. Mesmo que eu não diga nada. Mesmo que a gente não dê as mãos. Há uma força tão grande nesse amor que pode afastar qualquer coisa dolorosa do caminho. Espanta o medo, apaga a dor, alimenta. Amor-chão.

(Paula Dutra - 28/09/2013)
*texto inspirado em uma fotografia, exercício de escrita criativa - a fotografia em preto e branco é de um parque no inverno, provavelmente coberto de neve. No plano de fundo, duas mulheres caminham lado a lado.