terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Bagagem

Acho que sou uma pessoa melancólica por natureza. Vez ou outra, no fim do dia, em dias de chuva, ao som de uma música que toca no rádio, ao sentir um perfume que me traz lembranças.
Ontem à noite estava assim, sentindo uma vontade grande de escrever, mas sem saber como começar, sobre o que falar. Sem saber se estudava ou se dormia, se navegava pela internet ou se simplesmente deixava o tempo passar. Pra ver se o tempo levava aquele apertinho no peito, misto de ansiedade e saudade.
Nessas horas só uma coisa me acalma: um pouco de poesia. E ontem foi Adélia Prado que me fez companhia.

Para cantar com o saltério

Te espero desde o acre mel de marimbondos da minha juventude.
Desde quando falei, vou ser cruzado, acompanhar bandeiras,
ser Maria Bonita no bando de Lampião, Anita ou Joana,
desde as brutalidades da minha fé sem dúvidas.
Te espero e não me canso, desde, até agora e para sempre,
amado que virá para pôr sua mão na minha testa
e inventar com sua boca de verdade
o meu nome para mim.

Adélia Prado. Bagagem. São Paulo: Record, 2008. pág. 98


E hoje cedo recebi um cartão postal lindo (esqueci de dizer
que amo cartões postais!), que veio lá dos Estados Unidos,
e quando vi a foto achei que combinava perfeito com esse
post. Melancolia é uma palavra que caminha por cenas assim.

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