quinta-feira, 12 de março de 2015

The Opposite of Loneliness



The Opposite of Loneliness (O oposto de solidão) reúne ensaios e contos de Marina Keegan, uma jovem de 22 anos (cuja foto ilustra a capa do livro), estudante de literatura na Universidade de Yale que queria se tornar escritora. Marina era uma aluna apaixonada não só pela literatura, mas pela Universidade em que estudava. Durante a faculdade, foi pesquisadora assistente do crítico literário Harold Bloom e fez estágio na revista The Paris Review. Ela teve um dos seus ensaios publicados no New York Times e já vislumbrava uma oportunidade de trabalho na revista New Yorker depois da formatura.
Marina tinha muitos sonhos, uma grande paixão pela escrita e pela vida, e o entusiasmo compartilhado por muitos jovens no dia de sua formatura, quando suas carreiras se iniciam. Mas cinco dias depois de se graduar com todas as honras de uma aluna brilhante, houve um terrível acidente de carro e Marina faleceu aos 22 anos de idade, quando voltava para casa para passar uns dias com os pais. A comoção por conta da trágica e precoce morte de Marina foi imensa e o seu ensaio que dá título ao livro, The Opposite of Loneliness, foi lido por mais de um milhão de pessoas. 
Nesse ensaio, que é uma reflexão sobre o tempo passado na universidade e o início da carreira dos alunos, quando muitos deles estão cheios de dúvidas sobre a vida, Marina afirmava: "Somos tão jovens. Temos vinte e dois anos. Temos muito tempo". Marina declara também o seu encantamento pela Universidade de Yale, por todas as experiências e intenso aprendizado que pode ter durante seus anos de estudo. Em Yale, Marina diz ter vivido exatamente o contrário de solidão, sentimento que não consegue resumir em uma palavra. O fato é que Marina tem sido aclamada como um dos ícones de sua geração, uma geração que anda mesmo à procura de heróis.
Os ensaios e contos que compõem este livro foram reunidos pelos pais e amigos de Marina e organizados por sua professora, mentora e amiga, Anne Fadiman. Fadiman deixa claro na introdução que Marina não gostaria de ser lembrada por ter morrido cedo demais, mas sim por ser boa naquilo que se propôs ao fazer quando disse: "Decidi que vou ser escritora. Uma escritora de verdade. Com toda minha vida".
Há quem diga que, não fosse a trágica morte de Marina e o apelo que as tragédias tem entre o público, principalmente o estadunidense, este livro nunca teria sido publicado. Eu prefiro pensar que não temos o poder de fazer tais julgamentos e previsões tão pessimistas e cruéis, até porque, diante da trajetória acadêmica de Marina e da quantidade de textos que ela já tinha escrito, muito mais do que foi possível reunir em um único volume, segundo informações da organizadora, é bem provável que ela de fato conseguisse ser a escritora que queria ser.
Acredito que The opposite of loneliness terá maior apelo entre os jovens da mesma faixa etária da autora, pela maior identificação que a história de Marina permite suscitar. Não podemos negar também que o sucesso do livro nos Estados Unidos está muito ligado à tradição universitária dos estadunidenses, que valorizam muito o período em que os jovens estão nas universidades, algo que nem sempre é muito valorizado em nosso país. Mas leitores de outras faixas etárias também podem encontrar nessas páginas um lembrete, espécie de carpe diem moderno, que talvez faça com que se lembrem dos próprios sonhos que nutriam nessa idade, aquela idade em que acreditamos que temos todo o tempo do mundo.

"What we have to remember is that we can still do anything. We can change our minds. We can start over. Get a post-bac or try writing for the fisrt time. The notion that it's too late to do anything is comical. It's hilarious. We're graduating from College. We're so young. We can't, we MUST not lose this sense of possibility because in the end, it's all we have".

KEEGAN, Marina. The opposite of loneliness. New York: Scribner, 2014. 240 páginas.

3 comentários:

Gilberto disse...

Deu até vontade de ler depois da sua resenha.

Lua Limaverde disse...

Puxa, ela era quase uma Rory Gilmore, não, Pipa? Adorei o título, depois vou procurar esse ensaio. Beijinho!!!

Vanessa disse...

Nossa, que triste! Quero ler!