Em um momento difícil da
vida do poeta Carlos Drummond de Andrade, Drummond escreveu em carta ao também
escritor Mário de Andrade que “era grato à literatura por tê-los aproximado”. Drummond,
que estava em um momento de crise em sua vida, achando que não iria mais
escrever por estar infeliz trabalhando como professor no interior de Minas
Gerais, recebe do amigo Mário aquela dose de ânimo e de incentivo que fazem
toda a diferença, afinal, depois dessa fase Drummond passou a escrever e
publicar seus poemas, contos e crônicas até o final de sua vida.
Neste pequeno
livro, ilustrado e escrito por Nelson Cruz, registra-se este momento de dúvida
em tempos difíceis (mais atual impossível) em que a amizade, nascida do amor aos
livros, é o que faz a vida seguir em frente.
A amizade entre os dois
escritores, compartilhada durante anos por meio de cartas, é algo que acontece
com frequência entre escritores, mas também ocorre entre leitores. Este infanto-juvenil
do Nelson Cruz chegou até mim no momento mais certo, como costuma acontecer com
os livros lindos de minha vida. O momento é tão incerto quanto o que Drummond
vivia, e o livro chegou junto com um abraço de um amigo encontrado também por
conta do amor pelos livros e pelas palavras, que finalmente eu tive a chance de
abraçar pessoalmente, recebendo uma dose grande de carinho e incentivo para
continuar, apesar de. Obrigada, Bruno Leite, amigo querido, pela amizade de
sempre e por este presente. Como disse Mário de Andrade a Drummond: “Escrevo
mesmo só para lembrar você de que existo. Em amizade eu sou assim”. Somos. Um
brinde à amizade, que nos abraça quando precisamos de força para acreditar na
vida.
CRUZ, Nelson. A máquina
do poeta. São Paulo: Edições SM, 2015.
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