sábado, 29 de abril de 2017

O fio da palavra



"Minha memória tem espaço para infinitas paisagens. Tudo que desconheço minha memória inventa. 
Mas hoje acordei sem coceira nos dedos. Despertei vazio de pensamentos. Um grande nada acordou comigo. Não quero jardim, deserto ou mar. Há dias em que a preguiça de pensar me persegue. A memória exige trégua para descansar. O mundo inteiro parece vivido.
A vida se nega a novas notícias. O coração parece bater desafinado - sem corda - e pulsa quase parando sem força para fortes fôlegos. Ter memória é embriagar-se de lucidez."

Bartolomeu Campos de Queirós, O fio da palavra

Um comentário:

Conversa de Livro disse...

Perfeito, Paula!
E como isso me traduz hoje. <3