terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Na escuridão, amanhã


Há livros que nos conquistam pela força narrativa, ainda que a história arraste consigo nosso coração. É assim com "Na escuridão, amanhã", livro de estréia do escritor Rogério Pereira (Cosac Naify, 2013). A epígrafe, um poema lindo do José Luís Peixoto sobre a família, já sugere que as influências na escrita do autor são de grande peso. Esta é a história de uma família marcada pelo sofrimento, pela violência, pelo que não é dito. Uma família do interior, pobre, sofrida, mas o pior sofrimento é o que acontece ali, dentro da própria casa, fruto de um pai dominador, que comete todo o tipo de abusos. A mãe padece diariamente diante dos olhos dos filhos, sem saber nem como, nem se pode resistir ou lutar. A única coisa que faz é rezar, tentando de algum modo proteger seus filhos. Mas os filhos já não acreditam nesse Deus que os castiga com aquela vida.
Um livro marcado por perdas, ausências, gritos silenciados. Um grito de um filho questionando a vida, a existência de um Deus, e a figura desse pai, que ele nunca conseguiu compreender porque os machuca tanto. Um livro intenso, quase claustrofóbico nessa mistura tão dolorosa de sentimentos e angústias. Uma prosa poética, mas aviso: machuca o coração.

Rogério Pereira. Na escuridão, amanhã. São Paulo: Cosac Naify, 2013. 127 páginas.

2 comentários:

Anna disse...

Eu fico me perguntando porque textos assim, tão dolorosos e doídos me chamam tanto a atenção. Não sou masoquista, minha infância foi feliz sim, mas... rs
Pronto, mais um alimentando o Penélope!! ;) Tô com medo de quando chegar o Cosac Day!!! ;oP

Xerinhos, Pipa!!

Anônimo disse...

Ai, Paula, você só fala de livro lindo, preciso viver 200 anos pra ler tanta coisa! rs
Beijinho!