PRENHEZ
estava grávida
naquela foto
o filho
não chegou
a nascer
a foto
nos mantém
à sua espera
POEMA IMPRESSO NA HORA
escrever um poema
não é como
pegar peixe com as mãos; caçar com flecha;
riscar fósforo; rezar o terço; alcançar a graça;
dizer adeus; ou capturar borboleta.
Também não é como
a dor do parto; fotografar pessoas paisagens
ambos; ver estrela cadente; catar feijão;
descrever sentimento.
Escrever o poema
se parece com
carregar água na peneira
e dar nó em pingo d'água:
lugares muito mais comuns.
***
Ana Elisa Ribeiro, 1975, é mineira de Belo Horizonte. Além de vários livros de poesia publicados, tem outros de crônica, conto e infantojuvenis publicados por diversas editoras brasileiras. Participou de antologias, revistas e jornais no Brasil, em Portugal, na França, no México, na Colômbia e nos Estados Unidos. É doutora em Linguística Aplicada pela UFMG, professora e pesquisadora de Edição no Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais.
RIBEIRO, Ana Elisa. Álbum. Belo Horizonte: Relicário, 2018.
Nenhum comentário:
Postar um comentário