sábado, 13 de agosto de 2016

Sobre livros perdidos e achados



Ontem passei pela biblioteca central da universidade. Precisava de um livro para um texto que estou escrevendo, mas como às vezes demoro muito para localizar as coisas que eu preciso na biblioteca (aquele sistema de organização é algo que ainda me engana muitas vezes), acabo sempre passeando por outras estantes, olhando os livros com calma, vez ou outra algum me chama a atenção e ontem não foi diferente. Peguei alguns da estante, sentei em uma das mesas de estudo e fiquei por lá esperando o horário em que iria buscar minha irmã. 

Adoro bibliotecas. Sempre gostei de ficar passeando pelos corredores, olhando as lombadas dos livros, encontrando títulos interessantes; é um lugar cheio de possibilidades. Já pararam para pensar que há livros ali que talvez não tenham sido lidos por ninguém há anos? Acho triste como ocorre nas universidades estadunidenses, que descartam alguns livros depois de muito tempo sem que tenham sido emprestados. Por conta disso, já consegui comprar livros descartados por universidades, em ótimo estado, verdadeiras preciosidades, em sebos. Mesmo achando triste que eles deixassem de ter um lugarzinho para eles, fico sempre feliz quando esses livros me encontram, ainda mais vindo de tão longe.

Depois de mais de uma hora por lá, fui para o balcão de empréstimos. Qual não foi minha surpresa quando a bibliotecária me olha e diz:
- O livro desaparecido!

Sem entender o que era, apenas disse que o livro estava na prateleira, oras. Como assim desaparecido? E então ela me mostra que no sistema da biblioteca aquele livro constava, desde 2011, como desaparecido. Acho que alguém, por descuido, acabou colocando o livro em uma prateleira diferente, e com isso ele não era mais encontrado. Vejam só como é importante respeitarmos essas regras e deixar os livros consultados naquelas mesas específicas, para que os bibliotecários possam colocá-los nos lugares certos. Esse sistema de organização é mesmo algo importante e uma coisa que eu pretendo aprender bem ainda (já tô bem melhor do que nas primeiras vezes na biblioteca central).

Outra bibliotecária foi chamada para orientar a primeira sobre como proceder, pois dada a surpresa da moça, não se encontram livros desaparecidos com muita frequência, ela não sabia o que fazer. Após verificarem que o livro estava em bom estado e em condições de ser emprestado, pude efetuar o empréstimo. Ele voltou comigo para casa, para seu primeiro passeio depois de cinco anos na estante da biblioteca.

Foi uma coisa bonita no meu dia, isso de saber que salvei um livro do esquecimento. São sempre os livros que me salvam, foi bom ter a chance de fazer isso também, ainda mais de um livro feminista, mesmo que tenha sido por acaso. (Mas como acho que são os livros que nos escolhem, talvez nem tenha sido tanto acaso assim).

E vocês, já encontraram algum livro perdido? =]

4 comentários:

Conversa de Livro disse...

Que lindo, Pipa! Esse clima de biblioteca é uma coisa que amo e, paradoxalmente, anda tão esquecido. Com as possibilidades que a leitura nos dá hoje eu tenho ido muito pouco a bibliotecas, mas confesso que sou encantada por elas. Lembram a minha infância, um gostinho bom de nostalgia e de paz. Eu sou a mais velha de 4 irmãos e como a família da gente era bem humilde, eu não tinha livros meus. Toda a minha experiência de leitura vinha de livros emprestados em bibliotecas. Eu ia muito a uma biblioteca do Rio Vermelho, a Juracy Magalhães. E lá o deleite era ainda maior, pois além dos livros tinha o marzão estampado à nossa frente. Tinha não, ainda tem!

Que bom que temos os livros para nos salvar, né?

Um beijo, amo seu blog! ;)

Ilmara.

Pipa disse...

Oi, Ilmara!

Não é um pouco triste o fato de estarmos abandonando um pouco as bibliotecas, mesmo elas sendo tão especiais? Por conta dos estudos, tenho frequentado mais a biblioteca daqui, o que é bom. E biblioteca com vista por mar, então, um luxo! Aqui no período de seca dá para avistar um ipê.

obrigada pelo carinho!
um beijo,
Pipa

nina disse...

se tem uma coisa que amo - embora eu tenha rinite, rs - é o cheiro de biblioteca. de passar os dedos, de leve, nas prateleiras. minha memória, com esse texto, me transportou para vários encontros bonitos. e me lembrou que, preciso visitar a biblio da faculdade, rs, tem uns meses que não piso lá.
saudações, pipa
:)

Maura disse...

Oi, Pipa, quando li o seu relato no Facebook sobre o livro perdido, terminei de ler e fiquei sorrindo por um bom tempo. Cheguei a recontar sua história para as pessoas mais próximas.
Bibliotecas me fascinam, vários mundos e possibilidades dentro de um único lugar. Me sinto bem trabalhando em biblioteca, demorei 4 anos para chegar à conclusão de que era numa biblioteca que eu gostaria de trabalhar até a aposentadoria.
Uma das leis da Biblioteconomia que diz A cada livro seu leitor, eu li sua história e pensei nessa lei, é uma delícia ser achado por um livro, e ainda mais tirar um do esquecimento. Que bom que ele te achou ;)