Da vista e do visto
Mais uma vez é maio; não o levaste contigo;
horas se escrevem hoje com o lápis de sempre,
ultramar e um tanto adolescente; não o levaste,
maio, mês de meu aniversário, quando a melancolia
é menos nítida que a linha dos morros e dos edifícios;
vento sol amendoeiras, é como te digo, não levaste
maio e mesmo os meus olhos estão aqui, comigo;
algo, porém, sei que se foi contigo; que coisa era, não sei,
e, ainda que pequena, faz falta, era minha; coincidência
ou não, procuro e não encontro a minha antiga alegria.
Eucanaã Ferraz
FERRAZ, Eucanaã. Sentimental. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
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