Escrever é um exercício, é o que costumam dizer os grandes escritores. Metade inspiração, metade dedicação. Talvez mais da metade dedicação. Sem nenhuma pretensão de me dizer escritora, porque não sou, parei para pensar sobre isso de ter um blog, e de como se parece a falar sozinho. É bem provável que ninguém vai ler. Talvez só a sua mãe, se ela souber que você tem um blog. Escrevo aqui nesse blog e em algum caderno perdido pelo simples prazer de escrever. De materializar um pensamento, uma impressão, um momento, talvez uma saudade. Escrever é um hobby, ao qual talvez eu devesse me dedicar um pouco mais. Só que o tempo sempre me engana (ou eu ando enganando o tempo) e isso acaba por não acontecer.
Quando comecei a escrever em blog, há muitos anos atrás, era algo só para mim, e só há poucos meses que o blog passou a aparecer nos mecanismos de pesquisa do google, vejam só. Porque antes era "um teto todo meu", apesar de virtual, e muito raramente algum desavisado aparecia por aqui, por mero acaso. Os blogs que existiram antes deste já foram apagados faz tempo. No início eram só uns "rabiscos" meus, depois passei a escrever sobre os livros que lia, uma forma de fazer um registro das minhas leituras. Um registro meu. Com isso, acabei por encontrar na blogosfera outras pessoas que gostam de ler tanto quanto eu, que também escrevem em um blog (ou possuem um Vlog) só para ter um espaço para falar dos livros que amamos, nem sempre possível de encontrar no mundo real. E acho que encontrá-las foi uma das melhores coisas em tudo isso. Compartilhar o amor pelos livros é algo que sempre nos enriquece.
Mas todo leitor apaixonado sabe que entre muitos livros lidos há aqueles momentos de ressaca literária, que chega sem avisar e não avisa quanto tempo vai ficar. A visita mais indesejada de qualquer estante. Quando não conseguimos mergulhar em uma nova leitura, quando a concentração nos falta ou, como os portugueses dizem, "não nos apetece ler". E com o tempo cada leitor passa a desenvolver estratégias para driblar os períodos de ressaca, apesar de nem sempre as mesmas estratégias funcionarem (as ressacas literárias costumam ser inteligentes e quase sempre teimosas). Há também aqueles períodos em que a vida fica mais corrida, com muito trabalho, um outro tanto de estudo, que, ou não conseguimos ler, ou não conseguimos escrever sobre o pouco que lemos. Ou estamos lendo muitas coisas teóricas (e pouca literatura). Ou talvez estejamos lendo muitos textos teóricos, lutando bravamente para dominar a tarefa árdua de fazer fichamentos e lendo pouca literatura, porque mesmo em tempos de crise, leitor que é leitor carrega um livro consigo para aproveitar cinco minutos de espera e ler o que for possível. Acho que talvez o meu caso seja o último.
Ontem, no entanto, fui interpelada sobre o blog:
(Mãe) - Filha, e o blog, você não está mais escrevendo?
(Eu, envergonhada) - Pois é, com tanto texto para ler, tanto fichamento para fazer... não escrevo nada há umas três semanas...
(Mãe) - Mas e esses livros que você leu nesses dias?
(Eu) - Então... não consegui escrever sobre eles...
(Mãe, esperançosa) - E aqueles seus textos? Tipo aquele do Ipê?
(Eu) - ... nunca mais escrevi um...
(Mãe, um pouco desapontada diante do computador) - É que as pessoas* abrem o seu blog e ficam esperando você escrever alguma coisa. É muito chato chegar aqui e não ter nem um comentário sobre um livro novo...
(Eu, já me sentindo a mais culpada da face da terra) - Tá bom, mãe, eu vou escrever alguma coisa.
E assim o blog deixou de ser só meu. E cá estou eu, aproveitando a insônia às 4:30 da manhã para pensar em coisas para escrever. Para deixar minha mãe contente da próxima vez que ela abrir o blog. As noites de insônia nem sempre são produtivas, mas pedido de mãe é quase sempre uma ordem. Enquanto eu fico aqui pensando sobre as minhas leituras, você aí que me lê, bem que você podia deixar um comentário apenas para me dizer um oi (quem sabe hoje?) se eu demorar muito a aparecer por aqui (e se você sentir minha falta). Pode não ser um pedido de mãe, mas talvez funcione. Quem sabe até não resulte em um texto? =]
*tradução do dialeto materno: =eu
14 comentários:
Ouça sua mãe e escreva, Paula!
Sinto falta dos seus textos... ;)
Obrigada pelo comentário, Michelle! :)
Vou tentar escrever mais :)
beijo!
Estamos a sua espera! Anda a escrever...beijinhos!
Ah, mãe é sempre Mãe, né... E como sempre, têm plena razão!!! :)
Escreva, Pipa, escreva!!! ♥
Xerinhos!!
Paula, querida, aprecio muito seus escritos , sempre estou por aqui espiando , gosto muito quando encontro um texto , uma resenha "saída do forno" :D Beijos!
Paula, querida, aprecio muito seus escritos, estou sempre por aqui espiando , gosto muito quando tem novidades. :D beijos!
Escreva Paulinha!!!!! Adoro ler o que você escreve. Beijão
Me identifiquei com cada palavra que você escreveu. Você sabe, estou na fase da ressaca, quem me dera ter a minha mãe por perto... Essa leitora nunca tive e nunca terei, faz 10 anos que ela se foi.
Para mim, o blog também funciona como uma maneira de compartilhar o meu amor pelos livros, porque infelizmente meus amigos da vida real não compartilham o mesmo gosto.
Sempre leio o que você escreve, portanto continue.
Beijo
Pipa, não deixe de escrever, sou mais uma que está sempre aqui pra ler. Nem sempre comento, mas sempre leio. ;-)
Obrigada, meninas, pelo carinho! Bom saber que vocês estão por aqui! :)
beijo grande,
Pipa
É bom ver você fazer o que mais gosta. Ler e escrever. Não sei se opinião de tio (além do mais) coruja, também vale. Este é um primeiro comentário, mas estou sempre atento aos seus textos que aprecio bastante. Também naveguei por certo tempo no meu blog (Blog do Kalú) e é um bicho igual a passarinho. Tem que dar comida todo santo dia. Sucesso e beijos do Tio Kalú.
Obrigada, tio Kalú, pelo carinho :)
beijo!
Fuerza Pipaaaaaa !!!!! :)
(mudando de assunto, nao sei sei vc leu este texto de VHM publicado nO Estado, sobre a cidade de SP:
http://www.estadao.com.br/noticias/geral,pais-compacto,1170845
abrs,
v, f, p e b
Obrigada, meu amigo. Já tinha lido o texto no Jornal Público :)
um abraço,
Paula
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