quarta-feira, 7 de julho de 2010

Mar

Certos dias precisam de um poema para conseguir ganhar asas. Hoje eu vou de Sophia de Mello Breyner Andresen:

Mar

Mar, metade da minha alma é feita de maresia
Pois é pela mesma inquietação e nostalgia,
Que há no vasto clamor da maré cheia,
Que nunca nenhum bem me satisfez.
E é porque as tuas ondas desfeitas pela areia
Mais fortes se levantam outra vez,
Que após cada queda caminho para a vida,
Por uma nova ilusão entontecida.

E se vou dizendo aos astros o meu mal
É porque também tu revoltado e teatral
Fazes soar a tua dor pelas alturas.
E se antes de tudo odeio e fujo
O que é impuro, profano e sujo,
É só porque as tuas ondas são puras.

2 comentários:

Karine Melo disse...

muito lindo!!

- Te seguindo, Pipa :*

Pipa disse...

Seja sempre bem-vinda, Karine!

beijos!

P.