sábado, 20 de abril de 2013

Novecentos




Se há um adjetivo que não pode ser usado para descrever a literatura do escritor italiano Alessandro Baricco é a palavra previsível. Todo o encantamento de sua obra consiste em dizer tudo no não dizer, usando as entrelinhas para contar, com muita poesia, histórias que sempre surpreendem e emocionam.

Novecentos conta a história de um órfão que nasceu em um navio e, adotado pela tripulação, passou toda a sua vida no mar, tornando-se um dos maiores pianistas do mundo. Apesar de nunca ter posto os pés em terra firme, sua fama alcançou o mundo inteiro. Sua música carregava um pouco de cada canto do mundo, que ele conheceu através das muitas pessoas que viu chegar e partir do navio. Depois de 32 anos vividos no mar, Novecentos finalmente pensa em descer. Ele quer ver o mar, mas da terra. Essa mudança de perspectiva nos faz pensar em nossa própria maneira de ver as coisas, de ver o mundo.

O dilema de Novecentos, sua dúvida entre descer ou não descer do navio, é uma metáfora de nosso posicionamento diante da vida, da nossa vontade (e coragem) de enfrentar os desafios e o desconhecido para poder encontrar as alegrias que a vida oferece.

Novecentos foi adaptado para o cinema pelo diretor italiano Giuseppe Tornatore em A Lenda do Pianista do Mar (La Leggenda del Pianista Sull’oceano, 1998, 160 min) e foi o primeiro filme em inglês do diretor. Com Tim Roth no papel de Novecentos, o filme ganhou o globo de ouro de melhor trilha sonora e é um daqueles filmes que devemos ver antes de morrer.

Alessandro Baricco. Novecentos: um monólogo. Ed. Rocco, 2000. 72 páginas.

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