terça-feira, 4 de novembro de 2008

Um tal de mar

Tenho encontrado coisas bonitas assim:

"Tem 38 anos, Bartleboom. Ele pensa que em algum lugar, no mundo, encontrará um dia uma mulher que, desde sempre, é a sua mulher. De vez em quando amargura-se pela obstinação do destino em fazê-lo esperar com tanta indelicada tenacidade, mas com o tempo aprendeu a considerar o fato com grande serenidade. Quase todo o dia, agora já faz anos, pega a caneta na mão e escreve-lhe. Não tem nomes e não tem endereços para colocar no envelope: mas tem uma vida para contar. E a quem, senão a ela? Ele pensa que quando se encontrarem será bonito pousar em seu colo uma caixa de mogno cheia de cartas e dizer-lhe
- Estava à sua espera.
Ela abrirá a caixa e lentamente, quando assim quiser, lerá as cartas uma a uma e subindo um quilométrico fio de tinta azul pegará para si os anos - os dias, os instantes - que aquele homem, antes ainda de conhecê-la, já lhe apresentara. Ou talvez, mais simplesmente, virará a caixa e atônita diante daquela engraçada nevasca de cartas sorrirá dizendo para aquele homem
- Você é louco.
E para sempre o amará."

Baricco, Alessando. Oceano Mar. São Paulo: Iluminuras, 1997. p.24

2 comentários:

Anônimo disse...

vc nem imagina como eu amo este escritor e este livro em específico. é liiiinnnndddooo!

Pipa disse...

Hum, bem-vinda ao time das fãs de Baricco! :O)
beijo!